Para ouvir lendo: “In & Out” do novo-velho Sonic Youth (Tidal)
Uma historinha rápida 👉 essa newsletter começou quando, após me ver livre de um day job pouco instigante, eu entendi que precisava inventar algo que me colocasse de volta no lugar que eu amo: o de escritora. Importei pro Substack uma lista anterior que tinha da época do How to Travel Light (meu antigo blog de viagens, sdd) e escrevi a primeira edição: tá todo mundo tentando voltar a fumar. Faz um ano agora em 16/04. Nesse um ano, escrevi sobre poda de árvores, terminar e reatar relações, escrever, ler, acordar cedo, a morte da Elza, vício em notificações, cansaço crônico, Avenida Paulista, sensação de derrota, Carnaval e outras coisas mais. E até parei de fumar (de novo).
A TTMT é de longe a coisa que mais gosto de fazer, por isso mesmo é a que flui melhor na minha vida. De algumas semanas pra cá a newsletter, uma entre as muitas boas newsletters assinadas por mulheres hoje, tem ido parar em grupos de zap, virado print em instagram alheio e tem caído nos emails de muitos novos leitores toda sexta-feira de manhã.
Os próximos passos não estão muito claros na minha cabeça. E nem precisam estar. O importante é continuar escrevendo. E, pra isso, às vezes a gente precisa parar um pouco.
Por isso, um hiato. Volto em 06/05, já na temporada taurina ♉ com algumas mudanças de formato e a cabeça mais inspirada. Mas não vou deixar os tentanders (rsrsrs) sem newsletter.
Até lá toda sexta-feira vocês vão receber reenvios de edições passadas para relembrar ou ler pela primeira vez ❤️ E falando nisso…
PS: hoje não tem crônica, mas tem surra de dicas de livros ⏬
#ChegouAqui
Importante: todos os links abaixo são da Amazon e a TTMT ganha uma pequena porcentagem da venda caso a compra seja efetuada através dessas indicações. Os livros também estão disponíveis em formato Kindle.
Formigas no Paraíso - Mateus Baldi
O primeiro livro do (meu amigo pessoal!) jovem jornalista, crítico e escritor por trás do perfil Resenha de Bolso é uma seleção de contos que tem em comum o Rio de Janeiro. Nessa entrevista para o Plural ele fala sobre o processo e temátivas do livro. O Mateus é um tremendo observador das pessoas e costumes do Rio atual, e vale demais segui-lo no Twitter 💸 Compre aqui
Ao Pó - Morgana Kretzmann
O romance ganhador do prêmio São Paulo de Literatura em 2021 conta a história de uma mulher presa ao trauma do abuso sexual. Uma leitura nem sempre fácil, mas que evita ao máximo a cilada da romantização de ideia de superação e mostra por quais mecanismos as vítimas de abuso às vezes seguem se culpando e machucando 💸 Compre aqui
Os Coadjuvantes - Clara Drummond
Um dos lançamentos do mês da Companhia das Letras, é um livro curto, rápido e delicioso de ler, especialmente se você frequenta o nightlife de São Paulo ou Rio. A Clara tem um talento todo especial para narrar personagens duvidosos sem julgamento moral, que te deixam pensando “eu também conheço alguém assim” 💸 Compre aqui
Mas Em Que Mundo Tu Vive - José Falero
Uma das vozes mais interessantes da literatura pt-br hoje (procure “Os Supridores"), o gaúcho José Falero também arrasa na crônica. O livro é uma seleção de escritos publicados anteriormente na revista Parêntese e mostra que a tradição brasileira da crônica — mordaz, cheia de humor, leve, às vezes poética, sempre atenta — continua viva e bem 💸 Compre aqui
Durante Aquele Estranho chá - Lygia Fagundes Telles
A fabulosa Lygia Fagundes Telles deixou esse mundo no domingo último, aos 98 anos (ou não?), sucintando uma porção de justificadas homenagens e muita gente perguntando: por onde começar a ler a obra dela? Não há resposta única, já que a autora deixou dezenas de livros em uma carreira de mais de cinquenta anos. O lado bom é que na última década muito de seu catálogo foi reeditado, incluindo seus clássicos como “As Meninas” e “Ciranda de Pedra". Já essa maravilhosa seleção, publicada em 2022, é um registro de sua importância para a literatura brasileira do século 20, e traz memórias de encontros e conversas com personalidades da literatura como Borges, Sartre, Jorge Amado e Zélia Gattai. As amigas Hilda Hist e Clarice Lispector também estão presentes. 💸 Compre aqui
🇺🇦 Contos de Odessa - Isaac Bábel
Com uma prosa quase jornalística, Bábel renovou o formato curto com seus contos sobre (mas não só) a comunidade judia em Odessa no começo do século passado, uma cidade enérgica então recebendo gente de todos os tipos e de todas as partes do mundo. O livro está a venda direto no site da Companhia das Letras, numa arrecadação para o Comitê Internacional da Cruz Vermelha:
“O livro Contos de Odessa será vendido por R$ 14,90 e o valor total (R$ 14,90) será destinado ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Para controlarmos a quantidade vendida, o título será comercializado com esse desconto apenas no site da Companhia das Letras e não será cobrado frete. Os custos de produção, logística, entre outros, ficarão por conta da editora. Assim, a cada livro comprado, repassaremos o valor total de R$ 14,90 para o CICV. Acreditamos que assim poderemos ajudar, através de uma organização na qual confiamos, milhares de famílias, e proporcionar a vocês, nossos leitores, uma leitura relevante para refletir sobre o conflito atual. A ação é válida somente para o livro Contos de Odessa e acontece do dia 25/03/2022 e até dia 08/04/2022 ou até acabar o nosso estoque.”
📰 Enquanto isso, na Paulicéia…
Semana passada eu publiquei um guia rápido com onze livrarias de rua da cidade. Algumas clássicas (a Vila da Fradique Coutinho), algumas novas (a Brooklyn, na Zona Sul) e algumas meio escondidas mas que merecem sua atenção (a Simples, no Bixiga).
Você acha todos os livros listados acima nessas livrarias, e também na Dois Pontos e na Estante Virtual.
Compre onde você preferir. O importante é não parar de ler.
Cheguei semana passada, já amando o modo como você escreve. Espero que aproveite seu hiato, vou ficar feliz de receber essa curadoria das edições passadas! ❤️
Gaía, uma vez você disse (em alguma sexta de TTMT) que provavelmente ninguém com menos de 40 anos te lia por aqui. Bom, eu tenho 29 e poucas coisas nessa conjuntura foram mais reconfortantes - e deliciosas - do que te ler toda sexta de manhã com meu cafézinho.
O senso de realidade e o teu jogo de cintura pra lidar com certas coisas me fizeram perder quase toda a minha obrigação de resolver tudo, inclusive o meu declínio.
Aliás, o teu texto sobre gerenciar o declínio, e também aquele que você fala que jantou pipoca vendo Ru Paul foram muito libertadores pra mim.
Sempre olhei muito pra destreza que as pessoas com dez, quinze anos na minha frente lidam com a vida (sempre de maneira romantizada, claro), e teus textos me tiraram parcela da culpa que eu já sinto por ainda ser um pouquinho inconsequente (também janto pipoca apesar de adorar cozinhar) e não ser a minha versão mais polida em tempos pandêmicos.
Fiz coisas legais e significativas, mas não dá pra ser a minha melhor versão com máscara e álcool gel.
É muita loucura tola que o nosso norte seja ser estonteante e produtivo dentro de uma pandemia horrorosa, e toda sexta você me lembrou disso.
Vida longa à TTMT, bom hiato e abraços de uma quase balzaquiana meio em crise.