Tá todo mundo tentando: ter planos
Não é porque você fez o plano que você precisa cumpri-lo. Mas é de bom tom.
Para ouvir lendo: “I'm so tired”, aproveitando o atual hype dos Beatles (Youtube/Spotify)
Ando (andamos) fazendo planos. Um passeio para fazer durante o recesso, um filme para ver nos streamings, uma comida gostosa no jantar. Uma viagem, quem sabe, no futuro. I can’t help but wonder (leia com a voz da Carrie Bradshaw): é possível pensar no futuro? Tem que ser. Deve haver algum sentido, ou o que virá depois? É preciso continuar planejando, nem que seja escrever um email-desabafo na esperança de que algumas linhas possam mudar algo, talvez tudo.
Tenho tido muita dificuldade com planos para 2022: tudo parece abstrato, absurdo, inviável. Como se o mundo não tivesse compromisso com existir por mais um mês, ou dois.
Enquanto tô escrevendo (tentando escrever, mais sobre isso abaixo), hoje, o Alckmin saiu do PSDB e o Lula se prepara para receber homenagem em um almoço com 500 empresários no Figueira Rubayat. Planos. Respondi uma pesquisa de opinião para o DataFolha na Paulista. Planos. Convido uma amiga para dançar no sábado, ela diz que a partir da semana que vem só pretende planejar looks e ressacas. Marco no calendário as minhas datas de recesso autoimposto. Falo com amigos sobre festa de reveillón. Coloco nome e tipo sanguíneo na agenda do ano que vem. Planos, planos, planos. Faço planos de divulgar as coisas do Paulicéia em redes sociais, ir ao mercado, pagar boletos, organizar os livros acumulados em pilhas no chão, arrumar o quartinho dos fundos que está há dois anos juntando uma camada substancial de poeira da Avenida Paulista.
Mas a tela do celular acende e uma mensagem avisa: chego amanhã ao meio-dia. Planos.

Vocês não sei, mas eu estou em estado de cansaço paralisante. Tudo requer um esforço que me sinto incapaz de fazer, inclusive deitar no sofá e praticar algum ócio. A leitura de um livro curto demanda uma semana e o ato de colocar uma palavra após a outra tem gerado resultados apressados e confusos. Eu queria fazer retrospectiva do biênio pandêmico, elaborar minha teoria sobre a epidemia de protagonismo, homenagear a bell hooks, escrever sobre a atual obsessão com “The End of The Affair” do Graham Greene. Mas me vejo sempre enrolando, evitando, adiando. É impressionante o esforço que faço para não fazer algo que gosto tanto – escrever. Uma terapia de boteco diria que é sobre medo, mas sinto que é apenas uma profunda necessidade de descanso.
O Paulicéia entra em recesso a partir de hoje. O TTMT, não sei. Gosto muito de escrever aqui. Vou deixar em aberto, sem assumir compromissos. A melhor promessa que posso fazer é que vou escrever se bater vontade. Se não, boas festas para vocês. Faça o certo, não faça o errado, e tudo ficará bem.
Para gostar de escrever
Nessa semana que passou, pedi no Stories dicas de cursos de escrita. Obrigada a todo mundo que escreveu! Muitas das indicações são de cursos ótimos mas que não estão rolando no momento. Esses quatro que indico abaixo estão sendo oferecidos agora e podem te ajudar a começar o ano escrevendo. Vai na fé :)
Cinco Princípios Essenciais da Escrita de Ficção, com a Noemi Jaffe
O curso, em módulos, pode ser feito no seu tempo, a partir de vídeos com ponderações sobre princípios do texto literário e propostas de exercícios, que depois são revistos pela equipe da Escrevedeira. Informações e inscrições aqui. Obs: eu já comecei esse e espero acabar no começo do ano, a Noemi Jaffe é muito sensata e clara em tudo que diz, recomendo com força.
Curso Livre de Preparação de Escritores, da Casa das Rosas
O curso da Casa das Rosas existe desde 2013 e é gratuito, porém requer o envio de material para análise. Não é necessário ser profissional das letras, mas a ideia é formar turmas que já venham com alguma babagem literária e tenham potencial para desenvolver um trabalho coerente ao longo dos seis meses de duração. Informações e inscrições aqui.
Tudo Começa Com Uma História, com Ronaldo Bressane
O elogiado curso do Bressane existe em diferentes formatos há uns bons dez anos, sempre envolvendo leituras coletivas do que é criado em aula. O próximo começa em 20/01 e terá seis encontros, via Zoom. com foco em crônicas, contos e outros formatos breves. Informações e inscrições aqui.
Técnicas Criativas para Transformar Ideias em Textos, com Aline Valek
Bom, eu sou doida pela Aline e tudo que ela produz. Não é todo dia que você esbarra com uma pessoa que além de escrever (muito) bem, ainda desenha, faz newsletter, cria loja virtual, faz podcasts e dá aulas. A Aline é foda. Nesse curso, todo online, ela propõe uma investigação da linguagem para contar histórias interessantes, liberando o processo criativo de cada um. Informações e inscrições aqui.
Vai fazer algum? Tem outra dica de curso de escrita pra repartir? Conta pra mim por aqui:
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A “Tá todo mundo tentando” é e continuará sendo gratuita. Se você gosta do que escrevo aqui e quer incentivar 💰 eu agradeço demais. Você pode usar o Ko-Fi, ou minha chave Pix, que é gaia.passarelli@gmail.com. Só não esqueça de me avisar aqui no email, assim posso te agradecer diretamente :) Você também me ajuda demais apoiando o meu ~outro projeto, o Paulicéia, a partir de R$15/mês.
Oi, Gaía! Nada a ver com o tema da newsletter. Mas saiu esse texto maravilhoso no sensacional A Terra é redonda. Espero que goste. https://aterraeredonda.com.br/o-conto-na-revolucao/
Que chique meu curso indicado nessa news que amo! Obrigada <3