Tá Todo Mundo Tentando
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Tá todo mundo tentando: sonhar
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Tá todo mundo tentando: sonhar

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Para ler ouvindo: SVIIB Half Asleep. Indicado pra quem gosta de Cocteau Twins, de shoegaze e de olhar a cidade passando pela janela do carro (Youtube/Tidal)

Te desejo uma fé enorme. Em qualquer coisa, não importa. Aquela fé que a gente teve um dia. Me deseje também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que nos faça acreditar em tudo outra vez.

Caio F, em Morangos Mofados

Acordei sozinha antes das seis da manhã. Descansada, o corpo e a cabeça em paz. Foi uma boa semana.

No geral, tem sido um bom mês. Me fiz dizer alguns nãos, apertando muito o cinto, para tentar ter setembro como um mês de descanso físico e mental, para conseguir ver pessoas, reatar laços, dormir sempre que possível, me exercitar quando der vontade, ler muito, escrever sempre.

Férias não, porque não dá. É mais uma preparação para o presente próximo, me dando espaço para limpar o organismo depois de vomitar a âncora de metal enferrujado que me pesava no estômago.

Quase todas as pessoas com quem falo ensaiam um sentimento parecido, ainda um pouco acanhado, de que estamos em preparo, de que há uma alvorada logo ali. Estamos nos recompondo, limpando, abrindo espaço para o que virá.

Mesmo assim: tenho sonhado pouco.

Não o sonho sem controle de quando a gente dorme — esses, que todo mundo sonha, mesmo quem não lembra, tem são constantes. Depois que comecei a acordar lentamente, me dando tempo para absorver o filminho do inconsciente, meus sonhos estão cada vez mais intensos e (acho) cheios de sinais.

Não é misticismo, é só uma coisa de prestar atenção. Tente, você, dormir sem o celular no quarto, tente acordar devagar e prestando atenção aos sinais do seu corpo, tente não fugir do que acontece na sua cabeça, tente valorizar os sinais que sua voz te manda.

O sonho que anda vindo pouco é outro: aquele do sonhar acordada, da divagação. Aquele sonhar esperançoso.

Aquele sonhar de deitar no sofá pra dar um tempo, ficar olhando pro teto, pensando no que se quer, no que se espera, no que vem por aí. Uma coisa assim muito Peixes com Lua em Câncer que tenho mas perdi porque nos últimos anos me vi obrigada a suprimir. Manter a cabeça fora da água era difícil demais — sonhar, imagine!

Não sou só eu. A realidade tem sido tão dura que nosso sonhar, desejar, ansiar para além daquilo que é carnal e imediato sumiu. Pra quê eu vou pensar no que pode ser melhor, uma casa, uma relação, um país, se IRL a coisa tem sido tão... indizível?

Mas (chame de dois de outubro, de medicação eficiente, de análise, de axé, do que for) sinto esse jeitinho de sonhar voltando. É assim por aí? Um jeito de permitir sonhar, desejar, ansiar por aquilo que mereço. De saber que tal coisa está acontecendo dentro da minha cabeça e que não devo satisfação para ninguém, mas que alguns desses sonhos podem, sim, vir a ser. Aquele emprego, aquele amor, aquela viagem, aquele look, aquela festa, aquele jantar.

Aquele futuro.

Eu posso, podemos querer que seja melhor do que já foi, melhor do que tem sido. Podemos parar de viver para o que é pequeno e limitante, sair desse círculo de se satisfazer com o que tem para hoje. Teve ontem. Foi um lixo. E o que terá amanhã pode ser outra coisa.

Só que pra isso, antes, é preciso sonhar.

E votar. Dia dois tem eleição. Vote.

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Essa edição da Tá Todo Mundo Tentando é um oferecimento da Refúgios Urbanos, uma imobiliária feito por (e para!) amantes da arquitetura

📚 Para ler

Importante: os links abaixo são para vendas dos livros em livrarias independentes, para os sites das próprias editoras e/ou dos autores. E não ganho nada caso uma venda seja realizada através desses links — mas as livrarias, as editoras e os autores, sim ;)

📷 A verdade vos libertará - Gabriela Biló, Medo e Delírio em Brasília e Pedro Inoue

Trago aqui um lançamento pro futuro: A Verdade Vos Libertará, livro de imagens do descalabro político brasileiro (bolsonarista, mas não só) sairá em janeiro de 2023, após registrar a posse presidencial.

O livro nem nasceu e já é coisa finíssima, com fotografias da fotojornalista Gabriela Biló, texto da equipe do podcast Medo e Delírio em Brasília (bora passar raiva?) e projeto gráfico do artista visual Pedro Inoue

O livro parte dos acontecimentos de julho de 2013, passa pelo impeachment de Dilma Rousseff e pelo período Michel Temer até chegar na tragédia social, climática, sanitária e política dos últimos quatro anos. E conta com textos e depoimentos de figuras importantes da última década, como Átila Iamarino, João Wainer, Juliana Dal Piva, Padre Júlio Lancelotti e Patrícia Campos Mello. Por registrar a última década, será finalizado e enviado após as imagens de janeiro de 2023 — quando, de uma forma ou de outra, um ciclo se encerra.

Sai pela editora Fósforo e na pré-venda tem preço promocional (R$129,90, mas pensa que você está comprando um livro que nasce histórico) e vem com print exclusivo e autografado pela fotógrafa. Garanta o seu já

⚠️  Atenção: mudanças à vista

A partir dessa edição a TTMT começa a mudar um pouco o formato. O motivo é simples: é muita coisa toda semana — e vocês que abrem os emails inteiros sabem disso. Na intenção de diminuir um pouco da carga, a partir de hoje teremos menos dicas de livros e afins: essas serão concentradas em um email mensal, como esse. Esse email mensal será exclusivo para os apoiadores da newsletter — é esse apoio, afinal, que permite que esses envios semanais continuem! A esses, meu muito obrigada :)

ASSINE O GUIA PAULICEIA

Além disso, como já avisei na versão em áudio dessa edição (como assim você nunca ouviu? vai lá, é ótima!) que em outubro a TTMT vai ter uma folga de histórias inéditas e publicar alguns repetecos. É um jeito de me dar uma janela para escrever material novo e também de apresentar escritos mais antigos (do Substack ou não) pra quem chegou há pouco. Afinal, tem muito muito mais de onde esses vieram.

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💡 cinco links legais

O Sloppy Joe's, mais um bar célebre por dado abrigo (e embebedado) o Hemingway, anunciou a descoberta de contos originais e nunca publicados do escritor - deu no New York Times (tem paywall/em inglês)

Eu não sou de participar de correntes de Instagram (mentira!), mas essa nāo deu pra evitar - #Desafio13Livros

A post shared by Gaía (@gaiapassarelli)

Falando em Instagram, o Substack lançou essa semana uma porção de stickers para usar dentro da plataforma. Faz parte da estratégia de oferecer assets bem on brand para os criadores usarem em suas divulgações — entenda nesse post (em inglês)

Londres tem pubs, Madrid tem bares de tapas, o Rio tem botecos, São Paulo tem o bar & lanches que serve café de manhã, almoço, salgados, sucos, sorvetes e cachaça. Essa ótima thread mapeia a história e explica a estética desse tipo de estabelecimento que tenho certeza que você também frequenta:

Falando em São Paulo: uma bonita crônica sobre suas nem tāo belas (mas muito vivas) ruas — do Guilherme Tauil no Portal da Crônica Brasileira.

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Uma newsletter sobre o mal-estar da vida na São Paulo dos anos 2020 | por Gaía Passarelli -> http://gaiapassarelli.substack.com